Só nos sabemos.


Só nós sabemos o que é ser exilados em nossa própria terra e encurralados em reservas temporais, sofrendo com extermínio civilizatório de nossas culturas milenárias, observando morrer nossa mãe natureza, impotentes, junto com seus filhos, nossos irmãos, nas mãos da poderosa civilização do Deus Branco.

Só nós sabemos o que é ser extirpados de nossas terras, submetidos ao sequestro e ao tortuoso trânsito
da escravidão, forçados a conviver com uma cultura genocida, baixo o preconceito e a discriminação da civilização do Deus branco.

Só nós sabemos o que é ter visto a nossos avós, lado a lado e de sol a sol, abrir os sulcos de arado e boi na terra fértil do latifúndio feudal, recebendo um punhado de grãos para alimentar seu filho. Nossos pedreiros que tiveram que migrar à grande cidade, e que junto as suas companheiras acharam um canto nas terras periféricas para trabalhar duro, administrando suas misérias para levantar os grandes palácios e templos da ostentação cultural da civilização do Deus branco.

Só nós sabemos dos estrondos de madeiras, chapas e telhas ao uníssono do desespero de nossos
pais, no andar da majestática patrola, que prosseguiu seu caminho destrutivo, ladeira baixo,
arrastando nossas morais pelos labirintos do vício e a orfandade das ruas, sob a criminalização da civilização do Deus branco.


Só nós sabemos do surrealismo da paredes brancas estofadas e as doses amargas, anestesiando a claustrofobia nos porões medievais dos hospícios da civilização do Deus branco. 



Só nós sabemos o que é viver durante nove luas, alimentando desde nossas entranhas o sonho de uma outra sociedade, e nos acordar diante o preconceito e a discriminação do violento patriarcado machista da civilização do Deus branco.



Só nós sabemos da dor profunda destas realidades e o grau de impotência que gera ao assistir este cenário de tragédias. Vendo tombar nossos iguais baixo o fogo da violência e da alienação, que tenta nos descaracterizar desde a consciência de classe oprimida, nos submetendo a um imaginário individualista, no consumo da ideia de aceitar as contradições como vindas de uma sentença "Divina", impossíveis de ser contraditas diante a civilização do Deus branco.



Tudo isto e muito mais,  é porque eles sabem que o dia em que o Poder Popular complete o processo evolutivo de sua consciência crítica, não ficará pedra sobre pedra deste mundo genocida, onde tem entrado todos os males até para nós desconhecidos, legitimados pela corrupção Ética e moral, dessas aberrantes criaturas e seus cúmplices, filhos do oportunismo, engendrados pelas ambições alucinadoras da síndrome do poder da civilização do Deus branco.










 



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