A saúde e o futuro da sociedade dos "Humaninhos"



A humanidade na beira do abismo existencial, corroendo o máximo bem natural possuído, o qual nos permite nos reconhecer como seres vivos e como único componente racional do universo conhecido.
A Saúde.
O ponto de equilibro psicobiológico determinante do processo evolutivo e a preservação da espécie, um estado facilitador na adaptação ao habitat da biodiversidade do planeta e seu desenvolvimento em sociedade.
Este equilíbrio vital conta com o acúmulo de conhecimentos adquiridos no plano da consciência, proveniente da inteligência racional, que é a virtude que nos diferencia notavelmente entre a diversidade biológica e que tragicamente no seu desenvolvimento evolutivo transformou-se num poder de notáveis contradições bem distantes do imaginário da harmonia Universal.
 Seculo XXI, síntese histórica que evidencia que a Saúde da espécie ficou relegada a um plano inferior, submetida de forma seletiva a um produto a ser adquirido de acordo a capacidade econômica da sociedade ou que produz desde o controle estrutural dos poderes dominantes a legitimação da figura do "Direito" como uma falsa deformação conceitual do máximo bem inalienável da natureza humana.
A sobreposição do poder proveniente dos níveis mais desenvolvidos da inteligencia racional e a opção de aplicar os conhecimentos adquiridos na reversa da orientação indicada pela ordem natural, define tragicamente a humanidade como sujeito altamente depredador e genocida ou que nos coloca no topo das contradições e no limite entre o irracional e patológico.
Todos os caminhos desta calamidade conduzem ao sistema de produção capitalista, e aos poderes economicistas com suas especulações financeiras, que vão caminhando sem controle, pelo planeta
transformados nas garras da tecnologia depredadora ao serviço das elites mundiais.
Contaminação e exploração ambiental, comprometimento dos recursos naturais vitais para a sobrevivência da biodiversidade e a extinção de culturas originárias, redução espacial das sociedades
e seus efeitos desculturantes e psicobiológicos, produção alimentar modificada, culturalização comunicacional pro consumismo alienante e traumática, politica medicinal prescritiva induzindo ao consumo laboratorial e educação de controle seletiva.
A tudo isto, e muito mais, se soma a figura do estado opressor contemplando e reafirmando a cultura Patriarcal, machista e as fobias como demostração da violência repressora e preconceituosa do modelo.
Se voltamos ao princípio, quando consideramos a Saúde como o ponto de equilíbrio psicobiológico determinante do processo evolutivo da preservação da espécie e seu desenvolvimento social, acharemos inevitavelmente uma lógica com o presente atual, considerando o caráter dos agressivos antinaturais explicitados anteriormente, deixando o ser social a deriva no oceano, sem farol referencial na procura do caminho de volta a cordura original.
Para finalizar imaginemos um número qualquer de pessoas nessa barca a deriva e sem sonhos de terra firme, quanto duraria o equilíbrio psicobiológico e quais serão os efeitos comportamentais ?

Humaninhos

Darwin nos informou que somos primos dos macacos, e não dos anjos. Depois, ficamos sabendo que vínhamos da selva africana e que nenhuma cegonha nos tinha trazido de Paris. E não faz muito tempo ficamos sabendo que nossos genes são quase iguaizinhos aos genes dos ratos.
Já não sabemos se somos obras-primas de Deus ou piadas do Diabo. Nós, os humaninhos:
os exterminadores de tudo,
os caçadores do próximo,
os criadores da bomba atômica, da bomba de hidrogênio e da bomba de nêutrons, que é a mais saudável de todas porque liquida as pessoas, mas deixa as coisas intactas.
Os únicos animais que inventam máquinas,
os únicos que vivem ao serviço das máquinas que inventam,
Os únicos que devoram sua casa,
os únicos que envenenam a água que lhes dá de beber e a terra que lhes dá de comer;
os únicos capazes de alugar-se ou vender-se ou de alugar ou vender os seus semelhantes,
os únicos que matam por prazer,
os únicos que torturam,
os únicos que violam.
E também
os únicos que riem,
os únicos que sonham acordados,
os únicos que fazem seda da baba dos vermes,
os que convertem lixo em beleza,
os que descobrem cores que o arco-íris desconhece,
os que dão novas músicas às vozes do mundo
e criam palavras, para que não sejam mudas
nem a realidade nem sua memória.

(Eduardo Galeano) (do livro Espelhos)

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